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Para completar esse dia louco às 3 da manhã aqui estou eu sentado num carro sendo dirigido a 160 quilômetros por hora pelas ruas adormecidas e colinas e zona portuária de São Francisco, Dave foi para a cama com Romana e os outros estão desmaiados e esse vizinho louco da porta ao lado da pensão (ele é boêmio mas também trabalhador, um pintor de casas que chega de volta com grandes botas embarradas e tem o filhinho morando com ele a esposa morreu) – Eu estive no apartamento dele escutando o jazz de Stan Getz no último volume e por acaso eu disse que achava que Dave Wain e Cody Pomeray eram os dois maiores motoristas do mundo – “O quê?” gritou ele, um garotão loiro forte com um estranho sorriso fixo “cara eu era motorista de assalto! Vem eu vou te mostrar!” – Então quase de manhã e lá vamos nós passando riscado pela Buchanan e dobrando a esquina cantando os pneus e ele voa em direção ao semáforo vermelho então dobra à esquerda com outra cantada e sobe uma colina a toda, quando chegamos lá no alto da colina eu imagino que ele vai parar um pouco para curtir a vista mas ele pisa ainda mais fundo e praticamente levanta voo e nós descemos todas aquelas ruas incrivelmente íngremes de Frisco com o nariz apontado para as águas da Baía e ele põe o pé na tábua! Deslizamos a 160 km/h até o pé da colina onde tem um cruzamento por sorte com o semáforo no verde e passamos batido por ele só com um solavanquinho onde as pistas se cruzam e um outro solavanco onde a rua embica outra vez para descer a colina – Descemos até a zona portuária e guinamos à direita – No instante seguinte estamos disparando pelas rampas perto da entrada da ponte e antes que eu possa entornar um ou dois goles da minha última garrafa já estamos outra vez estacionados do lado de fora do apartamento na Buchanan – O maior motorista do mundo fosse ele quem fosse e eu nunca vi ele outra vez – Bruce não sei das quantas – Que fuga.